Para outros, pelo contrário, estes indivíduos são uns “coitadinhos” e, muitas vezes, não se coíbem de mostrar toda a sua “compaixão”, originando situações verdadeiramente constrangedoras.
Felizmente, para todos nós, estas mentalidades, ainda que lentamente, estão a mudar. Os meios de comunicação social podem ter aqui um papel importante, cumprindo o seu serviço de pedagogia cívica, esclarecendo e informando sobre o que são crianças com necessidades educativas especiais e, sobretudo, de que forma podemos contribuir para uma sociedade inclusiva à diferença.
Assim, não podemos esquecer que o conceito de inclusão está integrado num contexto mais amplo, o de sociedade inclusiva, “onde todo o cidadão é cidadão de pleno direito, não pela sua igualdade, mas pela sua diferença” (Declaração de Salamanca, 1994). Entende-se, então, que inclusão e participação são prerrogativas essenciais à dignidade e ao pleno exercício dos direitos humanos.

Muitas foram as fases pelas quais passaram as práticas relativas ao atendimento das crianças e jovens com N.E.E.: a fase assistencial (as crianças deveriam ser protegidas, agrupando-se em instituições separadas), a fase de cariz médico- terapêutico (onde existia uma preocupação com a observação e o diagnóstico médico-psico-pedagógico das crianças, de modo a possibilitar uma classificação destas em categorias destinadas aos diferentes tipos de classes ou escolas), a fase da integração centrada na criança (dirigida aos alunos, agrupados em diferentes “categorias”, de acordo com o resultado do respectivo diagnóstico, é organizada uma resposta, considerada adequada, normalmente em salas de apoio) e, mais recentemente, a intervenção centrada não só nas dificuldades, mas também nas potencialidades que o individuo pode ter em determinados contextos.
Esta mudança de paradigma, obriga a uma responsabilização de toda a sociedade porque ela pressupõe que o indivíduo com deficiência pode ser activo e participante,
desde que lhe sejam criadas condições para tal. A deficiência deixou de ser um problema exclusivo de um indivíduo ou de um agregado familiar. Cabe ao poder político, às autarquias, às instituições mas, sobretudo, a todos nós contribuir para a mudança dos contextos e acessibilidades. Pequenos gestos e acções podem fazer a diferença. Se não, imaginemos: já conduziu um carrinho de bebé pelas ruas da cidade? Certamente sentiu dificuldades: passeios para subir e descer, escadas inacessíveis, carros estacionados no passeio que obrigam o transeunte a vir para a estrada, …
Esta é a luta diária de um cego ou de quem anda de cadeira de rodas. Já pensou que lhes poderíamos facilitar a vida, aumentando o seu bem-estar físico, mental e social, com gestos simples?
Esteja atento e faça (também) sua esta causa. Vai ver que não custa nada!

Paula Cristina Pereira
Docente de Educação Especial
Esteja atento e faça (também) sua esta causa. Vai ver que não custa nada!

Paula Cristina Pereira
Docente de Educação Especial
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