O azul, branco e vermelho estão associados aos ideais da Revolução Francesa: solidariedade, igualdade e fraternidade. Se, em versão nacional, fôssemos associar atributos ao verde, ao amarelo ou ao vermelho da nossa bandeira, que características destacaria?
Eu escolheria a diversidade e a desigualdade. O verde da biodiversidade das nossas florestas, mas também dos diferentes matizes da esperança; uma cor secundária, resultado da combinação do amarelo do nosso proverbial sol com o azul do atlântico das nossas descobertas. E o vermelho? Exprimirá ainda a audácia combativa do povo? Estas cores condensam a diversidade portuguesa.
A diversidade está em cada um de nós e repetimos, como que a querer convencer-nos, que a essa diversidade não subjaz nenhuma forma de discriminação. Na nossa democracia de brandos costumes, todos têm a mesma cor, mas, diga-se em abono da verdade, nem todos têm o mesmo tom. Os tons mais escuros ou as cores fora do catálogo costumam estar confinadas a bairros sociais ou entrar pela porta dos fundos.
O combate à desigualdade passa por reconhecer e impedir que estas diferenças se traduzam em desigualdades. Diversidade não deve ser sinónimo de adversidade para com os diferentes. Então, o que pode ser feito para colocar os grupos historicamente excluídos, como os deficientes, em situação de igualdade com a restante população?
Será a partir de um diagnóstico mais preciso da situação que poderão surgir alternativas de política de inclusão social, passando por diferentes canais de inserção, como a escola, os organismos de saúde, a família, todos congregados em torno do objectivo crucial da inclusão laboral, anseio legítimo de todo o cidadão. Actualmente, a realidade limita-se quase exclusivamente à condução de políticas avulsas, desvinculadas das reais necessidades dos deficientes, e à atribuição de alguns subsídios manifestamente insuficientes.
No nosso país, o apoio a crianças e jovens com deficiência é realizado, com qualidade variável e questionável, na escola pública e em algumas instituições semi-privadas (que tendem a desaparecer) ou privadas.
O problema agudiza-se, naturalmente, quando estes jovens concluem a escolaridade obrigatória. Os apoios escasseiam, a inserção laboral é diminuta, faltando, em suma, uma verdadeira política de inclusão. Estes jovens ficam entregues às suas famílias, nem sempre com recursos materiais ou emocionais que permitam augurar-lhes um futuro digno. São uma preocupação constante; muitas vezes um fardo difícil de carregar. São parcas as alternativas e algumas de qualidade dúbia. Poucas são também as famílias que a elas conseguem ter acesso.
O problema agudiza-se, naturalmente, quando estes jovens concluem a escolaridade obrigatória. Os apoios escasseiam, a inserção laboral é diminuta, faltando, em suma, uma verdadeira política de inclusão. Estes jovens ficam entregues às suas famílias, nem sempre com recursos materiais ou emocionais que permitam augurar-lhes um futuro digno. São uma preocupação constante; muitas vezes um fardo difícil de carregar. São parcas as alternativas e algumas de qualidade dúbia. Poucas são também as famílias que a elas conseguem ter acesso.
Esta é a realidade da pessoa com deficiência no nosso país. De que cor a pintaríamos?
A cor, não sei; o tom seria, certamente, sombrio.
Paula Cristina Pereira
(docente de Educação Especial)
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