quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O uso funcional dos sentidos (a visão)

Cada um de nós é um individuo único.Todos temos o nosso próprio estilo de aprendizagem, as nossas motivações, as nossas capacidades e necessidades.

A maior parte de nós tem muitos talentos para a aprendizagem, permitindo-nos usar os sentidos para nos desenvolvermos, mesmo antes de nascermos.

Cada um interpreta e percebe o mundo à sua volta, a partir dos seus sentidos, os quais nos permitem experimentar o conforto e o desconforto, ter algum controle sobre o que se passa connosco e com os outros, amar e ser amado...


Os sentidos da visão e da audição são os principais canais para se receber informação. Deste modo, quando existe uma deficiência num destes sentidos a capacidade de perceber o mundo e as oportunidades de aprendizagem são diminuídas.


A criança multideficiente com deficiência visual

A cegueira coloca, evidentemente, limitações muito sérias às crianças - umas das primeiras refere-se ao relacionamento dela consigo. Os bebés cegos não efetuam contato visual, pelo que não conseguem ver os pais. Começam a sorrir com a mesma idade que os outros mas,  os sorrisos dos primeiros, tendem a tornar-se cada vez menos frequentes, menos intensos e mais fugazes.


A visão afeta outros aspetos do desenvolvimento, tais como a área motora, o comportamento exploratório, a área da linguagem, a relação afetiva, estando estimado que cerca de 75% das aprendizagens ocorre por via do sistema visual.

Sugestões relativas à estimulação visual


O papel do ambiente na vida da criança com deficiência visual é, frequentemente, pouco compreendido ou negligenciado. Há a ideia de que, como estas crianças não veem, não é necessário grande investimento nesta área. Ao contrário, os fatores ambientais, embora exteriores à criança, são uma condição importante, afetando  não só a forma como ela  vê (quando possui baixa visão) mas também a forma como ela explora o que não vê.

Detalhe: Espelho p/ Estimulação visual

Vejamos algumas sugestões práticas para a estimulação das crianças com deficiência visual:
  • Ensine a criança a olhar para o rosto de quem está a falar com ela;


  • Deixe que a criança tente alcançar os objetos antes de lhos entregar;

  • Crie um ambiente com consciência espacial, isto é, um local onde a criança se possa concentrar numa atividade;

    • Tenha em atenção o posicionamento da criança perante a fonte luminosa;

    • Use materiais sem brilho, não refletores;

    • Use padrões preto/branco antes das primeiras cores (encarnado e amarelo);

    • Apresente os materiais de uma forma clara em contraste com bases simples;
    • Use materiais que activem os sentidos:
               (tátil)

    Jogo de sensações
      Livro tátil

      Livro tátil

      Aproveitamento de 
      materiais

      Objectos quotidianos

                         (visual)
      Aquário visual

      Luz de lava

      Candeeiro de cor progressiva

      Focos de diferentes cores e intensidades

      Objetos refletores

                                (Gustativo)  
      Experimentar o sabor a manga

      A Ana não quer!

      E a chantilly? O João gosta!

      Mousse de chocolate
                    
                     (auditivo)
      Hora da música

                        
      Nem o barulho da batedeira acorda a Bruna

                           (vestibular)
      Experimentando movimentos




      Em suma, parte de adaptação da criança com deficiência visual ao mundo dependerá do ambiente onde ela está inserida. Este deve convidar à aprendizagem, ser consistente e a estimulação ser significativa para ela. A estimulação sensorial deve dar-lhe oportunidade para perceber a informação sensorial recebida dentro de um contexto significativo e confortável, de modo a permitir-lhe a exploração dos objetos envolvidos na sua rotina diária, da forma mais natural possível.

           

      Ou seja, aprender a usar e a compreender a informação sensorial é mais eficaz se for realizada nas situações naturais, partindo de atividades significativas e motivantes.

       Pequenos gestos que fazem a diferença para quem "vê" por outros sentidos.





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