Cada um de nós é um individuo único.Todos temos o nosso próprio estilo de aprendizagem, as nossas motivações, as nossas capacidades e necessidades.
A maior parte de nós tem muitos talentos para a aprendizagem, permitindo-nos usar os sentidos para nos desenvolvermos, mesmo antes de nascermos.
Cada um interpreta e percebe o mundo à sua volta, a partir dos seus sentidos, os quais nos permitem experimentar o conforto e o desconforto, ter algum controle sobre o que se passa connosco e com os outros, amar e ser amado...
Os sentidos da visão e da audição são os principais canais para se receber informação. Deste modo, quando existe uma deficiência num destes sentidos a capacidade de perceber o mundo e as oportunidades de aprendizagem são diminuídas.
A criança multideficiente com deficiência visual
A cegueira coloca, evidentemente, limitações muito sérias às crianças - umas das primeiras refere-se ao relacionamento dela consigo. Os bebés cegos não efetuam contato visual, pelo que não conseguem ver os pais. Começam a sorrir com a mesma idade que os outros mas, os sorrisos dos primeiros, tendem a tornar-se cada vez menos frequentes, menos intensos e mais fugazes.
A visão afeta outros aspetos do desenvolvimento, tais como a área motora, o comportamento exploratório, a área da linguagem, a relação afetiva, estando estimado que cerca de 75% das aprendizagens ocorre por via do sistema visual.
Sugestões relativas à estimulação visual
O papel do ambiente na vida da criança com deficiência visual é, frequentemente, pouco compreendido ou negligenciado. Há a ideia de que, como estas crianças não veem, não é necessário grande investimento nesta área. Ao contrário, os fatores ambientais, embora exteriores à criança, são uma condição importante, afetando não só a forma como ela vê (quando possui baixa visão) mas também a forma como ela explora o que não vê.
Vejamos algumas sugestões práticas para a estimulação das crianças com deficiência visual:
- Ensine a criança a olhar para o rosto de quem está a falar com ela;
- Deixe que a criança tente alcançar os objetos antes de lhos entregar;
- Tenha em atenção o posicionamento da criança perante a fonte luminosa;
- Use materiais sem brilho, não refletores;
- Use padrões preto/branco antes das primeiras cores (encarnado e amarelo);
- Apresente os materiais de uma forma clara em contraste com bases simples;
- Use materiais que activem os sentidos:
(tátil)
Jogo de sensações |
Livro tátil |
Livro tátil |
Aproveitamento de |
Objectos quotidianos |
(visual)
Aquário visual |
Luz de lava |
Candeeiro de cor progressiva |
Focos de diferentes cores e intensidades |
Objetos refletores |
(Gustativo)
Experimentar o sabor a manga |
A Ana não quer! |
E a chantilly? O João gosta! |
Mousse de chocolate |
(auditivo)
Hora da música |
Nem o barulho da batedeira acorda a Bruna |
(vestibular)
Experimentando movimentos |
Em suma, parte de adaptação da criança com deficiência visual ao mundo dependerá do ambiente onde ela está inserida. Este deve convidar à aprendizagem, ser consistente e a estimulação ser significativa para ela. A estimulação sensorial deve dar-lhe oportunidade para perceber a informação sensorial recebida dentro de um contexto significativo e confortável, de modo a permitir-lhe a exploração dos objetos envolvidos na sua rotina diária, da forma mais natural possível.
Ou seja, aprender a usar e a compreender a informação sensorial é mais eficaz se for realizada nas situações naturais, partindo de atividades significativas e motivantes.
Pequenos gestos que fazem a diferença para quem "vê" por outros sentidos.
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